Construindo o conhecimento em História

Ensino de História e Culturas Indígenas na educação básica: construção do conhecimento para a harmonia e paz social.
Profª Elizabeth Salgado de Souza
Universidade Estadual de Santa Cruz/UESC [1]





O enfoque é a compreensão da diversidade étnica na construção do conhecimento histórico. Nessa perspectiva, debater os caminhos de uma ação pedagógica sobre os saberes e fazeres da produção cultural como bens da coletividade num processo de busca harmoniosa nas relações étnicas de convivência.
A razão da história não é ser funcionalista, mas é a História uma disciplina pedagógica em sua natureza. Por pedagógica compreendamos a estrutura educacional que o conhecimento histórico traz em seu processo de produção, para além do que nos mostra Jörn RUSEN[2] em sua matriz disciplinar.
Se bem observarmos esta estrutura poderemos acrescentar outros saberes aos inicialmente propostos, pois hoje sabemos da interdisciplinaridade como um componente do próprio modo de expressão e comunicação com o mundo das coisas e das pessoas. A tecnologia nos tem possibilitado a interdisciplinaridade e não apenas o acúmulo de informações e bricolagens do ensino do século passado. Segundo Paul VIRILIO[3] É preciso compreendermos a função da tecnologia no processo de produção do conhecimento dos jovens a quem educamos, por mais que isto nos custe ainda um certo mal estar na educação, pelo receio de sermos substituídos pela parafernália tecnológica ou por desconhecermos os novos paradigmas das gerações pós-muros de Berlim(1989) e pós-onze de setembro (2001). Estes doís acontecimentos marcam a reiterada exigência mundial – de todos os povos do planeta- em rever conceitos e preconceitos relacionados às etnias e aos problemas de religião, moradia, trabalho, lazer e afeto. Estas são questões cruciais de impedimento para uma relação harmoniosa entre pessoas e entre povos, cujos estados nação criam leis e regras de exclusão e enfrentamentos em constantes guerras entre tribos irmãs, como na região do leste-europeu (guerra de Kosovo 1992); como também a guerra do Iraque e os constantes conflitos inter étnicos no pais Basco (Espanha) e na região de Gaza (Palestinos e Israelenses). E as lutas diárias dos povos de África e dos povos da floresta na América Latina e no Brasil. E o que dizer, então dos povos urbanizados de origem do povo negro da terra[4] das diversas regiões do Brasil?[5]
O homem é por natureza, tribal: vive em grupo, estabelecendo uma tríplice relação entre conviver com a natureza, preservar a humanidade e produzir cultura. A construção do conhecimento sobre nós mesmos e o que somos nos exige olhar o outro que me é semelhante e tão diferente! Mas a todos os povos o que nos move são o sentir e o dizer, olhar e fazer, o viver e o morrer. É no inter mezzo do nascer e do deixar de ser que convivem as nossas vontades, os nossos sonhos, os nossos desejos, as nossas conquistas, as nossas lutas, as nossas vitórias e os nossos medos. Conscientização das nossas idiossincrasias nos permite reelaborar conceitos, rever posturas, modificar atitudes e transformar situações de vida
E é aqui que o conhecimento histórico sobre nós mesmos se configura e ganha espaço num tempo de longa duração que expõe ao outro atos, palavras e omissões num rito de passagem entre ser indivíduo e pertencer a uma coletividade: ser sujeito e viver em sociedade; ser cidadão e atuar na construção da nação. A consciência de povo nos é dada pela experiência do cotidiano de partilhar e repartir, de educar e aprender, de oferecer e esperar, de reagir e defender, de escolher e acolher. Este é o movimento da educação: identificar os percursos e as pedras a serem retiradas para suavizar a estrada e encontrar as fontes da sabedoria dos velhos e das crianças, a destreza dos jovens e dos adultos, a gentileza dos homens e a delicadeza das mulheres, pois a utopia da PAZ é uma forma de manter vivos os projetos, pois, “sonho que se sonha junto é realidade!” Cantou Raul Seixas
[1] Mestre em História Política do Brasil(UnB)Doutoranda em Educação (USP)
[2] RÜSEN, Jörn. Razão histórica. Teoria da história: os fundamentos da ciência histórica.
Tradução de Estevão de Rezende Martins. Brasília: Ed. UNB, 2001
[3] VIRILIO, Paul.The Art of the Motor. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1995.

[4] MONTEIRO, John Manuel. Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994

1 comentários:

Bete Salgado disse...

Livros que eu gosto de ler sempre


Bisa Bia, Bisa Bel, A Invenção das tradições, Mentiras que parecem verdades, Macunaíma, Enterrem-me de pé, Grande sertão - veredas, Senhora, Cronica de uma morte anunciada, O pequeno príncipe, Por quem os sinos dobram, Os olhos do Marét, en ino do engenho, O livro dos prazeres ou uma aprendizagem, Sagarana, Bonequinha Preta, Que país é este?, Ciranda de pedra, Quem educa quem?, Os operarios da modernidade, 1968 o ano que não acabou, São Bernardo, Sob o céu de Lisboa, Vinte Luas